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Dez Maneiras de Praticar Mérito

Dez Maneiras de Praticar Mérito

Sumário:

Dez Maneiras de Praticar Mérito

Uma compilação das fontes em pāli por

Upasaka Mahinda Wijesinghe

Sob guia e instrução de

Bhikkhu Ñāṇadassana Maha Thera

Translation into Portuguese by:

Upasaka Danilo

Alternate format: punna_pt.pdf (13 pp./0.2MB)

Tabela de Conteúdo

Prefácio

Vivemos em tempos difíceis. Discórdia, conflito e desarmonia predominam em nossas vidas. É tempo de procurar um consolo significativo nas qualidades que elevam nossa mente para superar esses obstáculos aparentemente insuperáveis.

Naturalmente, recorremos ao Iluminado (Buda), pois ele cultivou tais qualidades que elevaram sua mente para a mais elevada felicidade e perfeita iluminação, isto é, as qualidades de mérito (puñña).

Ele disse que a pratica de mérito é um antidoto formidável para superar as muitas vicissitudes enfrentadas nas nossas vidas no dia a dia. Por isso ele declarou: “Não tema a pratica de mérito. ‘Prática de mérito’ é um termo que denota felicidade, o que é desejável, prazeroso, querido e agradável. Pois eu me lembro muito bem, depois de praticar méritos por muito tempo, eu experienciei resultados desejáveis, prazerosos, queridos e agradáveis por um longo tempo. Portanto, que o homem treine na prática de mérito que rende felicidade duradoura. Que ele cultive a pratica de doar, conduta virtuosa e uma mente de mettā. Cultivando essas qualidades, o homem sábio atinge estados felizes e livre de problemas”(1) E ele exortou: “Não faça pouco caso de méritos, dizendo, ‘não vai ter efeito pra mim’. Assim como a queda de gotas de chuva enche um pote de água, da mesma maneira, acumulando pouco a pouco, estará o homem sábio, cheio de méritos”(2)

Estando ciente da loucura da sociedade moderna por acumulo de riquezas materiais, nós também decidimos incluir o que Buda identificou como riquezas reais.

Esperamos que, lendo esse livreto, você possa se sentir inspirado em praticar mais méritos e acumular riquezas reais, do qual ambos seriam para seu benefício nesse mundo e no próximo.

Somos mais do que gratos ao Ven. Ñāṇadassana de Nissaraṇ a Vanaya, Meetirigala, por ter feito inúmeras correções no trabalho original e nos guiado em compilá-lo apesar de suas tarefas onerosas.

Que todos os seres estejam bem e felizes.

Dr.Sarath Amerasekera
Dr. Mahen Wijesuriya
Mahinda Wijesinghe
Outubro 2000

Prefácio dessa Publicação

Esse livreto foi primeiramente publicado em outubro de 2000 em memório dos nossos queridos falecidos pais, aos das nossa respectivas esposas, e do falecido Brig. Dennis Hapugalle que era próximo de nós. Que eles possam alcançar a êxtase suprema do Nirvāna. Essa publicação revisada está sendo feita para ser adicionada a lista acima e transferir mérito para Chrysantha Prasanna Wijesinghe, filho de Mahinda Wijesinghe, que morreu prematuramente com 31 anos, em 4 de Julho de 2002. Que ele possa ser abençoado com nobres amigos (kalyāṇa-mitta) em suas futuras peregrinações no Saŋsāra até que ele alcance o estado imortal.

Agosto 2002

Introdução

Quando alguém praticar mérito
Que ela faça repetidamente
E oriente seu coração de maneira que ele se deleite naquilo,
Pois felicidade é o acumulo de mérito.(3)

O desejo geral de todos os seres ao longo da vida é se livrar de experiencias desagradáveis e indesejáveis e procurar por circunstâncias propicias para a felicidade. Muitas pessoas ignorantes da verdadeira maneira de atingir felicidade genuína, procuram por ela apenas em meio aos prazeres sensoriais. Isso só trás felicidade a curto prazo – no melhor das hipóteses – e sofrimento virá mais cedo do que tarde. Nem a indulgencia e nem abstinência trarão felicidade. Mas, felicidade está disponível para a pessoa que foca seus esforços em mérito (puñña) como catalisador. Cada primor humano, e qualquer deleite em mundos divinos, mesmo a perfeição do Nibbāna, tudo isso é alcançado através da graça dos méritos.

Mérito, Buda declara, é algo que nem fogo ou terremotos podem destruir, nem água pode afogar seus efeitos. Ladrões não podem roubá-lo nem o estado pode tomá-lo por meio de taxas. Em outras palavras, mérito não pode ser destruído pelos outros.

Um tesouro de méritos adquirido pode satisfazer cada desejo de um deus ou homem, não importa o que eles desejam ter.(4)

Mérito ou puñña (em pāḷi) é aquilo que purifica e limpa a mente.(5) Mérito tem o poder de purificar a mente da cobiça, raiva e delusão. Assim, méritos podem ser vistos como ações que melhoram a qualidade da mente. Eles tendem a elevar o nível que a mente normalmente opera refinando-a e purificando-a de máculas mentais grosseiras. É a prática de mérito que garante que a pessoa viva uma vida balanceada e harmoniosa.

Outro fruto de méritos é de que “méritos abrem portas em cada parte”. O homem meritório geralmente tem seu caminho desobstruído. Qualquer trabalho que ele assuma, ele é capaz de conclui-lo de maneira bem sucedida. Mérito lubrifica seu progresso. E o poder dos méritos pode ser experienciado nessa mesma vida e/ou na próxima. Portanto, Buda explicou: “Agora ele é feliz, na próxima vida ele é feliz. O homem meritório é, em ambos os mundos, feliz. Pensando ‘Eu pratiquei mérito’, ele é feliz. E ainda mais feliz ele é quando tiver ido para planos de êxtase”(6)

As Dez Maneiras de Praticar Mérito

Então, como alguém adquire esse tal mérito? Há dez maneiras de praticar mérito, nomeadamente dasapuñña-kiriya-vatthu. Esses são:

  • 1. Doação ou Generosidade (Dāna-mayaŋ puñña-kiriya-vatthu)
  • 2. Conduta moral ou Virtude (Sīla-mayaŋ ……………………… )
  • 3. Meditação ou Desenvolvimento Mental (Bhāvana-maya …. )
  • 4. Respeito e Reverência (Apaciti-sahagataŋ …. )
  • 5. Prestar serviço ao ajudar os outros (Veyyāvacca-sahagataŋ …. )
  • 6. Transferência de Mérito (Pattānuppadānaŋ ……………… )
  • 7. Alegrar-se com os méritos dos outros (Abbhanumodanaŋ ……… )
  • 8. Expondo ou ensinando o Dhamma (Desana-mayaŋ …..)
  • 9. Ouvir o Dhamma (Savana-mayaŋ …………….. )
  • 10. Corrigindo o Próprio Entendimento (Diṭṭhijjukammaŋ puñña-kiriya-vatthu)(7)

1. Doação ou Generosidade (//Dāna//)

É a mais básica das práticas meritórias. Doar presentes materiais inclui alimento para o faminto, medicamento para o doente e assim por diante. Doação (dāna) é muito elogiada por Buda sendo uma virtude fundamental e contribui para a redução de taṅhā ou anseio, o construtor do sofrimento, sendo essa a maneira pela qual Ele se referiu à essa mácula mental.

Qualquer que seja a necessidade na vida de alguém que careça de algo, quem quer que provê aquilo que está em falta, é dito estar doando um presente material. Leigos doam aos monges quatro tipos de presentes materiais. Estes são vestimenta, alimento, abrigo e medicamento. Sendo assim, eles acumulam bastante mérito.

Um doador de alimento, por exemplo, concede cinco bençãos ao seu recipiente: vida longa, beleza, felicidade, força e inteligência. Como resultado, vida longa, beleza, felicidade, força e inteligência serão a partilha do doador. 8 Por extensão ele acumula mais bençãos: a afeição de muitos, nobre confraternização, boa reputação, autoconfiança e renascimento afortunado.(9)

Assim como em qualquer outra ação boa ou ruim, na doação também, é a intenção (cetanā) que realmente conta como ação meritória, e não a mera ação física.

Aqui, a boa intenção (kusala-cetanā) surge no doador em três ocasiões: (a) ao produzir o presente antes de doá-lo (b) ao doar o presente, e ⓒ relembrar da ação com o coração satisfeito depois que o presente já foi doado, esta é a maneira de praticar mérito ao doar.(10)

2. Conduta moral ou Virtude (//Sīla//)

Conduta moral é a fundação de toda prática no Nobre Caminho Óctuplo, sendo o primeiro dos três tipos de treino (sikkhā), nomeadamente, moralidade, concentração e sabedoria.

Observando os cinco, oito, dez – e assim em diante – preceitos morais, a pessoa adquire muitos méritos. Levando uma vida virtuosa, tal pessoa experiencia uma vida feliz e contente agora e no futuro. Virtude o ajuda a ser destemido por não ter feito nada de errado para ele mesmo ou para os outros. Ele não sente remorso ou culpa; por conseguinte, ele sente alegria, êxtase, calma e felicidade; ele atinge concentração, conhecimento de ver as coisas como elas realmente são, e assim por diante.(11)Além disso, ele ganha cinco benções: boa ventura por consequência da diligência, boa reputação, autoconfiança, uma morte serena e renascimento afortunado.(12)

Basicamente todas as ações morais são classificadas como ações do corpo, fala e mente. Abster-se de matar, roubar e de conduta sexual errada, constitui as ações morais do corpo. Ações morais com a fala são as próximas, separadas em quatro: abster-se de mentir, de falar com hostilidade, fala divisiva, e fala à toa.

E por final, ações morais da mente é abster-se de cobiça, animosidade e entendimento incorreto. Sem sīla ou conduta moral, o progresso na esfera espiritual será definitivamente limitado.

Sīla ou conduta moral, é em cada instancia, a clara intenção de contenção das ações ruins. Vergonha (hiri) e medo de fazer o mal (ottappa) são suas causas próximas. Quando essas causas estão presentes, conduta moral toma lugar e persiste; e quando essas causas estão ausentes, conduta moral não toma lugar e nem persiste.

Especificamente falando, há dois tipos de sīla: mundano e supramundano. Todo sīla sujeito aos āsavas é mundano. Traz melhorias nas vidas futuras e é pré-requisito para escapar de todo sofrimento saŋsārico. O sīla que não está sujeito aos āsavas é supramundano. Traz escapatória direta de todo sofrimento saŋsārico.

Agora novamente, a boa intenção que surge em alguém que toma os preceitos e observa-os é a maneira de praticar mérito pela conduta moral ou virtude.

3. Meditação ou Desenvolvimento Mental (Bhāvana)

Esse é um dos campos mais ricos para a prática de mérito. Há dois tipos de meditação, sendo, tranquilidade (samatha), i.e. concentração (samādhi), e insight (vipassana), i.e. sabedoria (paññā). A pessoa pode desenvolver tranquilidade e então insight, ou usar mindfullness que também nutre insight.

Ambos tipos tem, como propósito, as experiência de insight e o desenvolvimento de sabedoria. A pessoa medita para apaziguar máculas mentais grosseiras e desenvolver a mente de tal maneira que ganhe sabedoria, cujo qual não é resultado de mero aprendizado por livros. É através da sabedora que a realização de Nibbāna é possível.

Se ao menos, por exemplo, alguém medita sobre sua generosidade ou virtude (sīla), em tal ocasião sua mente não está tomada pela cobiça, raiva ou delusão; sua mente ganha retidão. Então, quando ele tiver suprimido os obstáculos mentais (nīvaraṇa), os fatores de jhāna surgem e ele pode atingir concentração de acesso (upacāra-samādhi). Ele experiencia assim, bastante felicidade e alegria. E se não for adiante, ele no mínimo terá um destino feliz.

Tranquilidade ou concentração concede, por consequência, três bençãos: renascimento favorável, felicidade na vida atual e pureza da mente que são precondições para insight por purificação da mente dos cinco obstáculos (nīvaraṇa) para progresso espiritual; enquanto insight produz os quatro estágios supramundanos e libertações da mente de tal forma que a pessoa possa ver as coisas de acordo com a realidade. Como Buda disse:

“Aquele que está mentalmente concentrado, vê as coisas de acordo com a realidade.”(13)

A boa intenção que surge em alguém que medita, por exemplo, sobre o inalar e exalar da respiração ou sobre Kasiṇa etc. e alcança jhānas pelo caminho da meditação de tranquilidade, ou a boa intenção de alguém que medita sobre o olho, ouvido, nariz, língua, corpo e mente e outros sentidos e objetos mentais como impermanente (anicca), sofrimento (dukkha) e não-eu (anatta) pelo caminho da meditação de insight – todas essas intenções e volições são a maneira de práticar mérito através da meditação.

4. Respeito e Reverência (apaciti)

Respeito como forma de praticar méritos deve ser conhecido em ações como levantar-se do acento, dar as boas vindas para o próprio pai, mãe, irmão mais velho, irmã mais velha ou uma pessoa mais velha, carregando sua bagagem, saudando-os, mostrando-lhes o caminho, e assim em diante. Ou em geral, respeitando os sentimentos, privilégios, propriedades e a vida dos outros; tratando-os com consideração, estima e honra; evitando degradar, insultar ou interrompê-los; abster-se de ofender, corromper ou provocá-los. Infelizmente, hoje em dia, as gerações mais novas são desprovidas de respeito e reverência.

De acordo com Venerável Nāgasena, em Milindapañha, há doze pessoas que não prestam respeito ou reverência ao outros: a pessoa cobiçosa por conta de sua cobiça; a pessoa raivosa por conta de sua raiva; a pessoa confusa por conta de sua confusão; a pessoa arrogante por conta de seu orgulho; a pessoa desprovida de qualidades especiais por sua falta de distinção; a pessoa intransigente por conta de sua falta de amabilidade; a pessoa pobre de espirito; a pessoa maldosa por conta de seu egoísmo; uma pessoa aflita por conta de sua aflição; a pessoa gananciosa por ser tomado com ganância; e um homem de negócios por conta de seu trabalho em prol do lucro.(14)

É claro que, em contraste com as pessoas descritas acima, a pessoa reverente e respeitosa desenvolve sua mente (e portanto, acumula mérito), através da sua atitude, ele destrói as máculas do orgulho e a substitui por uma sabia conduta de humildade. Respeitar os anciões e a Saṅgha são claros exemplos desse aspecto. Mesmo o respeito de um monge noviço para com um bhikkhu faz parte dessa categoria.

Aqui novamente, a boa intenção que surge em alguém que demonstra respeito ou reverência é a maneira de praticar méritos através de respeito e reverência aos outros.

5. Prestar serviço ao ajudar os outros (//Veyyāvaca//)

É a próxima maneira de praticar méritos. Por estar disposto a voluntariamente sanar as necessidades de outros seres com compaixão, a pessoa ganha méritos. Serviços como uma forma de praticar méritos devem ser reconhecidos naquelas ações em que desempenhamos tarefas para em prol dos outros. Por exemplo, quando tomamos a tigela de um monge, lavamos, enchemos ela com comida e devolvemo-la ao monge.

6. Transferência de Mérito (//Pattānuppadāna//)

Transferência dos méritos de alguém como forma de praticar méritos deve ser entendido no caso de alguém que fez um presente ou oferenda e transfere seus méritos acumulados de tal forma: “Que esses méritos sejam para isso ou aquilo!” ou “Que seja para todos os seres!”

Agora, haverá alguma perda de méritos daquele que transfere? Não. Da mesma forma que alguém acende um lampião, e com ele, acende outros mil lampiões, não pode ser dito que o lampião original foi esgotado. Pelo contrário, a luz do lampião original, sendo uma com a luz dos mil lampiões, cresce imensamente. Da mesma forma, não há decréscimo de mérito para aquele que transfere; pelo contrário, há acréscimo apenas.

Nessa mesma categoria, estaria também a transferência de méritos para os mortos. Assim, Buda diz que um dos deveres dos filhos para com seus pais falecidos é transferir méritos para eles.(15)

7. Alegrar-se com os méritos dos outros (//Abbhanumodana//)

Alegrar-se nos méritos dos outros como forma de praticar méritos seria alegrar-se exclamando as palavras “Que bom, bom trabalho (sādhu)”, quando por exemplo, os outros compartilham méritos conosco, ou quando eles praticam outras ações meritórias. Isso também é a prática de uma das moradas divinas (brahmavihārās), nomeadamente mudita (alegria pelo bem alheio).

8. Expondo ou ensinando o Dhamma (//desana//)

Se alguém expõe ou ensina o Dhamma por desejo ou honra, pensando, “Assim eles me conhecerão como um pregrador do Dhamma”, esse tipo de ensinamento não rende muitos frutos. Se, no entanto, esse alguém faz, o alcançar da libertação do sofrimento sua razão principal, e expõe ou ensina para os outros o Dhamma do qual ele é proficiente, essa boa intenção é a maneira de praticar méritos ao expor o Dhamma.

Vale notar que Buda disse que o maior de todos os presentes é “o presente do Dhamma”. Em outras palavras, se uma pessoa consegue abrir os olhos de outro alguém para o Dhamma, expondo, ensinando e explicando a ele(a), esse é o maior e mais elevado presente de todos. De fato, Buda disse que mesmo se a pessoa service aos seus pais carregando-os nos ombros, ela não seria capaz de retribuir o débito que ela tem para com os pais. A única maneira é ensinando-os e estabelecendo-os no Dhamma. Mesmo o enfermo Arahant Ven. Sāriputta, antes de atingir Parinibbāna (Nibbāna final), retornou para casa, ensinou sua mãe e a ajudou a atingir Nibbāna.

A pessoa pode prover a todos os dicipulos de Buda com os quatro requisitos [vestes, alimento, abrigo e medicamento] da melhor forma possível, ou dar as pessoas todos os bens materiais possíveis. Mas ao ilumina-los com o Dhamma, mesmo se for apenas um estrofe de quatro linhas, é dito ser o maior e mais elevado de todos os presentes.

Assim, o presente do Dhamma significa ensinar e explicar o Dhamma para os outros, tira-los do caminho errado e guia-los ao caminho correto. Introduzir o que é moral, organizar discussões sobre o Dhamma, escrever e imprimir livros, etc.

9. Ouvir o Dhamma (//Savana//)

Se alguém ouve o Dhamma pensando, “Assim, eles irão me ver como um ‘fiel’”, essa atitude não renderá muitos frutos. Se, por outro lado, alguém ouve desejando o bem-estar dos outros e seu próprio, pensando, “Dessa forma haverá muitos frutos para mim”, essa boa intenção é a maneira de praticar mérito ao ouvir o Dhamma.

10. Corrigindo o Próprio Entendimento (//Diṭṭhijju-kamma//)

A intenção de corrigir o próprio entendimento é a maneira de praticar méritos em entendimento correto. Entendimento correto é, de fato, o real precursor de todas as dez maneiras de praticar mérito. Sendo assim, há muitos frutos para alguém que pratica qualquer ação meritória. Qualquer mérito que alguém pratique, será de quando fruto, apenas se o entendimento é correto, caso contrário não será. Por isso Buda disse:

“Não conheço nada além de entendimento correto que faça com que boas ações que não se manifestaram, se manifestem, e boas ações que já se manifestaram, cresçam e atinjam plenitude.”(16)

De acordo com Buda, há dois tipos de entendimento correto: mundano e supramundano.

O entendimento de que é bom doar alimento e fazer oferendas, de que boas e más ações renderão frutos e serão seguidas por resultados, esse é o entendimento correto mundano, embora ainda esteja sujeitos aos āsavas, é meritório, rende frutos mundanos e trás bons resultados. Mas qualquer sabedoria penetrativa de entendimento correta conjunta com o Nobre Caminho, isso é dito ser entendimento correto supramundano (lokuttara sammā-Diṭṭhi). (17)

Sumário

Dessas dez maneiras de praticar mérito, o mérito em doar (dāna) surge quando (a) alguém pensa, “Eu vou dar um presente” (b) quando o presente é doado e ⓒ quando a pessoa reflete, “Eu dei um presente”. Assim, as três intenções — intenção preliminar (pubbacetanā), intenção no momento de dar o presente (muñcana-cetanā), e subsequente intenção depois de doar (aparacetanā) — se tornam uma e constituem a maneira de praticar mérito através da doação.

O mérito que consiste da conduta moral ou virtude (sīla) surge quando (a) alguém pensa, “Eu vou observar os preceitos”, (b) quando os preceitos são observados, e ⓒ quando a pessoa reflete “Eu observei os preceitos”. Todas as três intenções como uma, constituem a maneira de praticar méritos através da conduta moral. O mesmo pode-se dizer das restantes oito maneiras da prática de mérito.

Notas

Nos suttas, há apenas “três maneiras de praticar mérito” explicitamente mencionadas por Buda, sendo, 1. Doação (dāna-mayaŋ puñña-kiriya-vatthu), 2. Conduta moral (sīlamayaŋ puñña-kiriya-vatthu) e 3. Meditação (bhāvana-mayaŋ puñña-kiriya-vatthu)

As outras setes também são mencionadas nos suttas mas não explicitamente. Um exemplo seria a seguinte estrofe em um sutta do Aṅguttara-nikāya:

“Quando presentes são dados à pessoas nobres, íntegras e equilibradas, os méritos assim adquiridos são puros e abundantes. E aqueles que se alegram nessas ações (anumodanti, exclamando ‘Sādhu!’), ou prestam seu auxilio (veyyāvacca) ali, eles também recebem aquele mérito (puñña), que não é, de maneira nenhuma, menor.”(18)

Assim as sete maneiras de praticar mérito, tal como “alegrar-se com o mérito alheio” (abbhanumodana) ou serviço (veyyāvacca) etc, deveriam ser entendidos como inclusos nos três acima. Elas são criteriosamente salientadas nos comentários dessa maneira:

Em 1. Doação (dāna) está incluso:

6. Transferência de mérito, e 7. Sentir alegria com o mérito alheio.

Em 2. Conduta Moral (sīla) está incluso:

4. Reverência, e 5. Serviço</dd>

<dt>Em 3. Meditação (bhāvana) está incluso:<dt> <dd>8. Expondo o Dhamma, e 9. Ouvindo o Dhamma.

Corrigindo o próprio entendimento (10)

, todavia, está incluso em todos os três (1,2,3).

</dl>

Assim, as maneiras de praticar mérito, concisamente são três e detalhadamente são dez.

“Portanto, que o homem (aconselha Buda) treine na prática de mérito que produz felicidade duradoura. Que ele cultive a pratica de doar, de conduta virtuosa e uma mente com mettā. Cultivando essas qualidades, o homem sábio atinge estados felizes e livres de problemas. Por isso, não tema praticas meritórias. ‘Prática Meritória’ é um termo que denota felicidade, o que é desejável, prazeroso, querido e agradável.“

As Sete Nobres Riquesas (//Satta Ariya Dhanāni//)

Buda disse que apesar de riquezas materiais, como ouro, prata e outras propriedades, possam ser destruídas por fogo, enchentes, terremotos e inimigos, taxadas pelo estado ou roubadas por ladrões, as seguintes riquezas não sofrem de nenhum desses infortúnios:

  • 1. Fé (Saddhā-dhanaŋ)
  • 2. Virtude (Sīla-dhanaŋ)
  • 3. Vergonha (Hiri-dhanaŋ)
  • 4. Medo de praticar o mal (Ottappa-dhanaŋ)
  • 5. Aprendizado (Suta-dhanaŋ)
  • 6. Generosidade (Cāga-dhanaŋ), and
  • 7. Sabedoria (Paññā-dhanaŋ)(19)

Ele também diz que a vida de uma pessoa que possui essas riquezas, não foi vivida em vão, e que ela é invecível.(20)

Essas sete riquezas espirituais são a essência (sāra) dos ensinamentos de todos os Budas.(21) Portanto elas são chamadas de “Nobre Riquezas” (ariya-dhanāni)(22), e essas são as riquezas da pessoas nobres (ariyas).(23) Aqueles que as possuem não são pobres aos olhos dos Budas(24) , pois essas são as riquezas que realmente prosperam.(25)

Com relação a saddhā ou fé, a pessoa que a tem:

  • (a) gosta de confraternizar com quem é virtuoso,
  • (b) deseja ouvir o Dhamma verdadeiro (saddhamma), e
  • ⓒ vive em casa com avareza absenta de sua mente

Dotado dessa três qualidades, ele é chamado de “alguém que tem fé”.(26)

Bibliografia

Aṭṭhasālinī, PTS ed. 1979, p.157 ff.
Buddhist Dictionary, Nyanatiloka, 3rd ed.
Itivuttaka-aṭṭhakathā (Commentary), Tikanipāta, dutiyavagga-vaṇṇanā, sutta 1.
The Expositor (Aṭṭhasālinī transl.) by Pe Maung Tin, M.A., PTS ed. 1958, p 209 ff.
The Path of Purification (Visuddhi-magga transl.) by Bhikkhu Ñāṇamoli, 4th ed.1979: Ch. VII, 105, 113

Notes

<dl>

1.
2.
3.
4.

Please see e.g. Khuddakapāñha, sutta 9.

5.

Santānaŋ punāti, visodhetī’ti puññaŋ.’ (e.g. Vimānavatthu, sutta 1.)

6.
7.

For the sources of these ten ways please see p. 9, Note.

8.
9.

Aṅguttara-nikāya, sattaka-nipāta, sutta 57.

10.

Aṭṭhasālinī, p. 157. This threefold intention is called: pubbacetanā, muñcanacetanā, aparacetanā (ibid. p. 159) Cf. Aṅguttara-nikāya, chakka-nipāta, sutta 37: ʽPubbeva dānā sumano hoti.ʼ

11.

Aṅguttara-nikāya, dasaka-nipāta, sutta 1.

12.
13.

Saṃyutta-nikāya XXII, 5

14.

Miln. 180.

15.
16.

Aṅguttara-nikāya, ekaka-nipāta, sutta 299.

17.
18.
19.
20.

ibid. & sutta 6.

21.

ibid.

22.

Dīgha-nikāya, sutta 33, 34.

23.

Saṃyutta-nikāya-ṭikā, sutta 1040.

24.

Dhammapada Commentary, Bālavagga, Suppabuddhakuññhi-kathā.

25.

Dīgha-nikāya Commentary & Subcommentary, sutta 33.

26.

Aṅguttara-nikāya, tika-nipāta, sutta 42.


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